Por Antonio Roberto CARRARETTO, TSA-SBA, MSC, PhD
O anestesiologista planeja, seleciona, prepara e administra os medicamentos. Na indução anestésica é comum o uso de cinco ou mais medicamentos, podendo ultrapassar a dez no ato anestésico. Lidar com embalagens primárias (frascos, ampolas, bolsas) com rotulações diferentes, por vezes, mais voltadas para a identificação da empresa do que do próprio fármaco, podem gerar EAM nas diversas das fases do processo, com consequências que vão desde a lesão temporária/permanente até ao óbito.
Na cadeia de Segurança do Paciente, para a preservação de sua vida, todos são responsáveis desde o diretor do estabelecimento até o farmacêutico e o anestesiologista. Apesar dos EAM ocorrerem pelas mãos do anestesiologista, existem métodos que diminuem esta possibilidade e daí a responsabilidade coletiva. A segurança não deve ser violada pela diferença de custo, já que os acidentes também têm elevado custo nas finanças e na reputação de todos, incluindo a instituição, transformando-nos em segunda vítima. Lembrem-se que administramos medicamentos potencialmente perigosos.
O cansaço e a fadiga de horas acumuladas de trabalho, a sobrecarga de tarefas, a falta de rotinas pessoal e institucional voltada para a segurança, a deficiência na iluminação, a comunicação ruidosa, as interrupções distrativas, os fármacos misturados com rótulos semelhantes e de baixa legibilidade, são as principais causas dos EAM.
As sociedades e organizações de todo o mundo criaram normas técnicas (NT) para evitar o EAM e o sistema ideal possui, no mínimo, uma padronização das embalagens primárias e das etiquetas para as seringas, com cores e tipografia em tamanhos e formatos diferentes.
Como evitar os EAM?
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Estar preparado e em condições físicas e mentais requeridas
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Selecionar os fármacos a serem utilizados, identificando-os
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Identificar a seringa com etiqueta padronizada por códigos de cores
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Verificar o frasco/ampola comparando-o com a seringa
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No preparo: ler quatro vezes o rótulo do fármaco
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Ao retirar o medicamento
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Ao preparar e rotular a seringa
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Antes de descartar o frasco/ampola
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Ao injetar no paciente
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Precisamos realizar alterações em diversas fases do sistema tais como:
Sistema multimodal desejável para a prevenção dos EAM
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Padronização do acondicionamento
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Seringas pré-preenchidas
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Rótulos grandes com cores para identificação
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Códigos de leitura e sistemas aprimorados de rotulagem
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Registro eletrônico automatizado
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ABNT NBR ISO 26825:2021. Equipamento anestésico e respiratório — Rótulos aplicados pelo usuário para seringas contendo medicamentos utilizados durante anestesia — Cores, projeto e desempenho
https://www.asahq.org/standards-and-guidelines/statement-on-labeling-of-pharmaceuticals-for-use-in-anesthesiology (acesso em 19/10/2021)