Tutorial 520 – Manejo Anestésico de um Paciente com Arterite de Takayasu

Dr. Nicole Barbosa1†, Dr. Donovan Heslop1, Dr. Mulai Slave2

1Residente de Anestesia, Hospital Acadêmico Chris Hani Baragwaneth, Joanesburgo,
África do Sul
2Especialista em Anestesia, Hospital Acadêmico Chris Hani Baragwaneth,
Joanesburgo, África do Sul

Editado por: Dra. Jenny Woodbury, Professora Assistente Clínica, Universidade da
Califórnia, São Francisco, EUA

†Email do autor correspondente: nicoleb@iafrica.com

Publicado em 9 de abril de 2024

PONTOS-CHAVE

  • Aconselhamento pré-concepção, planejamento e avaliação dos pacientes são
    essenciais em pacientes grávidas com arterite de Takayasu.
  • O manejo multidisciplinar dessas pacientes durante a gravidez é importante para
    garantir bons resultados maternos e fetais.
  • Planejar a via do parto, avaliar tanto os fatores obstétricos quanto anestésicos,
    enquanto gerencia o controle da pressão arterial é o principal objetivo no manejo de
    pacientes com arterite de Takayasu.

INTRODUÇÃO

A arterite de Takayasu (AT) é uma pan-arterite granulomatosa rara de etiologia
desconhecida que afeta a aorta e seus principais ramos.1
É caracterizada por estenose, trombose e formação de aneurismas, que afetam a
perfusão dos órgãos.1 A incidência global de AT é de 1,2-2,6 casos por milhão
anualmente e é mais prevalente na Ásia. Mulheres em idade fértil são
predominantemente afetadas.2 A AT tem uma fase pré-oclusiva de sintomas
reumáticos ou sistêmicos com envolvimento arterial segmentar.1 A angiografia
(tomografia computadorizada ou ressonância magnética) é o padrão-ouro para o
diagnóstico e classificação da AT. A classificação é baseada na distribuição dos vasos
afetados e está resumida na Tabela 1.3 Os critérios para a classificação da AT estão
resumidos na Tabela 2.4

As mudanças fisiológicas cardiovasculares normais vistas durante a gravidez
(conforme discutido em ATOTW 25 e 185) ocorrem secundariamente a mudanças na
atividade hormonal, efeitos mecânicos de um útero em crescimento e às demandas
metabólicas aumentadas da gravidez.5 As mudanças típicas incluem um aumento na
frequência cardíaca e no volume sistólico e uma diminuição na resistência vascular
sistêmica (RVS). A diminuição da RVS é devido ao óxido nítrico, prostaglandinas,
progesterona, baixa resistência da placenta e diminuição da viscosidade sanguínea por
anemia dilucional, os quias contribuem para a pressão arterial fisiologicamente mais
baixa. Como resultado, o débito cardíaco (DC) aumenta em até 50% à medida que a
gravidez avança. O aumento no DC direciona o sangue para o útero, placenta, rins,
pele e extremidades. No final da gravidez, o fluxo sanguíneo uterino aumenta
significativamente e o fluxo sanguíneo renal aumenta em 50%.6 Durante o trabalho de
parto ativo, as contrações uterinas resultam em ‘auto-transfusão’ de 500 mL de sangue
de volta à circulação materna, aumentando a pré-carga para o coração, e após o parto,
o alívio da compressão da veia cava inferior leva a um aumento de 75% no DC.6

Tipo Envolvimento dos Vasos
I Ramos do arco aórtico
IIa Aorta ascendente, arco aórtico e seus ramos
IIb Aorta ascendente, arco aórtico e seus ramos, aorta torácica descendente
III Aorta torácica descendente, aorta abdominal e/ou artérias renais
IV Aorta abdominal e/ou artérias renais
V Características combinadas de IIb e IV

Tabela 1. Classificação da Arterite de Takayasu

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