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Covid-19: atuação coletiva foi tema da abertura de congresso farmacêutico

“Que seja um choque e que não esqueçamos mais. Precisamos atuar como sociedades que somos de uma forma política com P maiúsculo”. A fala do dr. Luis Antonio Diego, diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) traduziu o teor da conferência de abertura do XIII Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, promovido pela SBRAFH, entre os dias 4 e 6 de novembro.

O encontro abordou os inúmeros documentos produzidos em um coletivo formado pelas sociedades que foram essenciais nas ações de enfrentamento da crise pela Covid-19.  Além da SBA, o encontro de abertura contou com a participação da presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), dra. Valéria Santos Bezerra; da presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), dra. Suzana Margareth Ajeje Lobo; do presidente do Instituto para Práticas Seguras no Uso dos Medicamentos (ISMP), dr. Mario Borges; e do presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP), dr. Victor Grabois. A Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente (REBRAESNP) estaria representada por Silvio César da Conceição, mas não pode comparecer por motivos pessoais.

Uma das falas mais marcantes da dra. Suzana Lobo, que ecoaram entre os demais presentes, foi sobre os ensinamentos deixados pela Covid-19. “Uma das coisas que a pandemia deixou de ensinamento foi o quanto a gente pode colaborar mais, sentar e pensar junto e procurar se fortalecer contra as dificuldades. Com essa associação de conhecimento, criamos documentos com peso e seriedade e que tiveram impacto, que ajudaram as pessoas nas emergências, centro cirúrgicos e UTIs”.

A presidente da AMIB destacou que todas as barreiras criadas foram importantes e diminuiu um pouco do peso de cima de todos. “Passamos de um ambiente controlado para o de risco, onde faltava muito medicamento e não sabíamos o que fazer”.  Para atuar contra isto, as sociedades unidas desenvolveram documento para sinalizar tanto a falta dos medicamentos quando o sobrepreço imputado pela indústria. Sobre o tema, dr. Mario Borges explicou que essa mobilização foi importante para que fosse prestada atenção nesse aspecto. “Para promover uma boa assistência ao paciente é necessário o meio (medicamentos) e no momento de pandemia os recursos muitas vezes não estavam disponíveis ou em quantidade necessária”.

Outra atuação importante do grupo foi o rápido posicionamento sobre a chegada de medicamentos em idioma estrangeiro como forma de suprir a alta demanda brasileira. A atuação foi rápida e em tempo sensível, como destacou dr. Diego. “Por mais que existisse uma normatização, não tínhamos tempo, pois pessoas precisavam de medicamentos importantes para a sedação e analgesia, e pensamos em todas as possibilidades para resolver a situação. Em conjunto, nós conseguimos colocar detalhes importantíssimos na hora da prescrição e preparo, com uma interação muito profunda com a farmácia hospitalar.”

O envolvimento de todas as sociedades é simbólico, ele mostra que o esforço coletivo pela segurança dos medicamentos, do paciente e dos profissionais da saúde é essencial para o alcance de uma mudança na política pública da saúde. Tema abordado com emoção pelo dr. Victor Gravois: “Hoje é uma celebração do esforço dos milhões dos profissionais de saúde expressos nas sociedades aqui presentes”.

O presidente da SOBRASP acrescentou que a grandeza da parceira obriga às sociedades a pensar em duas coisas muito importantes:   1) como as entidades e governos entenderam a progressão da pandemia; 2) como nós, enquanto país, precisamos desenvolver outro grau de autonomia na produção dessas medicações.  “Trabalhar com Covid produziu um grau de sofrimento agudo e crônico do ponto vista mental do qual ainda não nos recuperamos e esse trabalho coletivo conduz para muitos progressos.  O futuro não controlamos, mas podemos nos antecipar.”

Viva o SUS. Viva a ciência. Viva a defesa da vida.