Boletim Minuto Dificuldades e expectativas do anestesiologista na prática clínica diária sbahq setembro 29, 2020 Compartilhe A última mesa do Simpósio de Saúde Ocupacional (Siso), realizado em 26 de setembro, trouxe o conflito da gerações para o debate. De uma forma bem didática, os palestrantes abordaram as características de cada geração, como as expectativas e dificuldades enfrentadas por eles no mercado de trabalho e sociedade como um todo. Geração Baby Boomers – nascido entre 1945 e 1960 – Dr. Antonio Roberto Carraretto, professor de Anestesiologia na UFES, responsável CET HUCAM-UFES e membro da Comissão de Saúde Ocupacional da SBA. A expressão Baby Boomers pode ser livremente traduzida como “explosão dos bebês”. Esse fenômeno se explica pela volta dos combatentes da Segunda Guerra Mundial, que, como uma espécie de ação compensatória pelas vidas ceifadas em batalhas e também pela preservação da espécie, aumentaram a taxa de natalidade. Segundo dr. Carrareto, o representante da geração no painel, esta é uma geração que encara a responsabilidade como um ponto alto e que teve maior durabilidade como geração por conta do aumento da expectativa de vida. “O Baby Boomer é um idealista, combativo, tem um espírito coletivo porque quer ver todo mundo bem, tem compromisso com o que faz, gosta da instituição, muitos assumiram o emprego dos pais e foi uma geração que se engajou em lutas políticas. Para fazer isso tudo eles são muito disciplinados e têm uma tendência a fazer carreira”. As maiores inovações em tecnologia e segurança da anestesia hoje, segundo o painelista, foram trazidas por essa geração nas décadas de 1980 e 1990. “Começaram a aparecer os monitores, a oximetria pulso, ventilação, delta pp, bis-entopia, delta sv, bnm, halogenados, e as demais variáveis. Eu vi a evolução da monitoração, equipamentos, fármacos e técnicas”. Dr. Carrarreto acredita que eu deixará esse ambiente melhor do que encontrou. “Temos que estar de olhos voltados para o futuro, para os novos procedimentos. Independente da tecnologia, nunca esqueça do acolhimento e da empatia”. Geração X, de 1970 a 1979, dr. Mauro P. Azevedo, diretor de de Eventos e Divulgação da Saerj, instrutor corresponsável pelo CET/SBA do Hospital Naval Marcílio Dias e membro da Comissão de Saúde Ocupacional da SBA. A geração X representa os filhos dos baby boomers, mas não se engane em pensar que eles, pura e simplesmente, se inspiram em seus pais. Na verdade, o seu foco acaba levando em conta muito mais na lamentações dos seus antecessores do que qualquer outra coisa. Ao verem seus pais dedicando a vida inteira a uma única empresa, os novatos não herdaram o otimismo em relação às novas oportunidades sociais e políticas. “Para o baby boomers, o trabalho era tudo, mas para a minha geração, que foi moldada na época das revoluções política, cultural e sexual, a empresa já não era tudo, já se pensava em algo diferente”. Essa geração passou por todo o período de evolução tecnológica e pelo surgimento e desenvolvimento dos meios de comunicação, além de desfrutarem de estabilidade (profissional e familiar) e estarem ativos (tanto fisicamente quanto mentalmente). Na época, de acordo com dr. Mauro, a anestesia era feita de forma muito arcaica, mas próxima do paciente. Dr. Mauro destaca que a transformação foi tão grande que no fim daquela década nós já tínhamos um momento com diferente. “Você já tinha monitores em cada sala, um conhecimento técnico e científico muito maior, o que foi muito importante pois levou a anestesia, de um momento de terror e medo com alta probabilidade de acidentes, para uma especialidade extremamente segura”. Geração Y, de 1980 a 1994, dra. Roberta B. Caldas, – TSA/SBA, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Alagoas (Sael), médica anestesiologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes(HUPAA), intensivista AMIB e responsável pelo CET HUPAA A Geração Y representa um divisor de águas, uma mudança de comportamento marcante, muito influenciada pelo contexto socioeconômico e cultural da época. Ela foi a primeira a ter contato mais direto com a tecnologia, pois nasceu pouco depois da criação da internet, que começou a dar os seus primeiros passos em 1969. Por serem os primeiros a ter o computador e a internet como algo comum do seu cotidiano, eles passaram a dominar essas ferramentas com muito mais propriedade. Assim, a geração Y não usa a tecnologia apenas como lazer e diversão, mas sim porque tem necessidade de se comunicar e saber o que está acontecendo no resto do mundo. Isso pode ser notado durante a apresentação da dra. Roberta. Mais do que trazer as suas referências e experiências, ela resolveu perguntar para 15 anestesiologistas sobre as dificuldades e expectativas do anestesiologista dessa geração. Durante a pesquisa realizada, a médica conseguiu ter um parâmetro sobre as maiores dificuldades enfrentadas pelos anestesiologistas dessa geração, entre eles: mercado de trabalho, horas trabalhadas, baixa remuneração, pressão por anestesias simultâneas, falta de proteção quanto aos riscos profissionais (radiação, inalação, ruídos), falta de protocolos e alto nível de estresse no trabalho. Geração Z, 1995 a 2010, dr. Rodolpho Azzi Saidler, médico, ME2 do CET Américas / Hospital Américas Medical City RJ. Para os nascidos desta geração, as experiências de vida têm grande influência no tipo de trabalho que procuram e que consideram importante. Uma característica muito presente dessa geração é que, de forma geral, os jovens antecipam e simplificam muita coisa e possuem uma compreensão tecnológica apurada. Parte da realidade dessa geração são os aplicativos, a comunicação por vídeo, e a conectividade com o mundo todo. São esses aspectos que os tornam adaptáveis a diferentes plataformas, o que pode ser uma vantagem para o mundo corporativo. “Somos natos da tecnologia, somos hiperconectados e a nossa informação é extraída online e instantânea. Nossa geração não se define e não gosta de ser rotulada”, explicou dr. Rodolpho. O lado bom da nossa geração é pensar fora da caixa, o que traz a capacidade de resolução dos problemas, e, diferente das gerações anteriores, a atividade física é uma realidade, pois usam a saúde como uma válvula de escape. Dr. Rodolpho destacou que no mercado de trabalho a expectativa e estar “inserido no grupo com muita tecnologia disponível e condições de trabalho adequada”. 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