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TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS

A transferência de cuidados intraoperatórios é definida como a transmissão de informações e responsabilidade profissional e prestação de contas entre indivíduos e equipes. A sua associação à segurança do paciente tem sido discutida há mais de 30 anos.


A literatura descreve que este processo é uma fase propensa a erros e ainda é controverso se pode contribuir para o aumento do risco de eventos adversos e desfechos compostos, incluindo mortalidade.


A transferência de cuidados anestésicos representa um desafio especial, pois envolve equipes com experiência variada, tarefas simultâneas, múltiplas informações clínicas, diferentes perspectivas do curso da cirurgia, em um ambiente por vezes agitado, sujeito à pressão do tempo. As lacunas de informação durante a descrição clínica do paciente e a falta de comunicação padronizada também colaboram para os eventos adversos. Por outro lado, representa uma oportunidade: olhos descansados têm potencial para detectar riscos à segurança do paciente.


Estudos mais recentes mostram que a utilização de checklists para padronizar a transmissão de cuidados pode contribuir para a melhora na quantidade e a qualidade das informações transmitidas. Os checklists atuam como uma barreira extra de segurança e interrompem os lapsos de atenção, sem, todavia, adicionar tempo ao processo.


A Sociedade Brasileira de Anestesiologia estimula fortemente o regramento nos processos de transferência intraoperatória de cuidados, com o seguimento de protocolos institucionais que levem à maior segurança e proteção dos pacientes.

Referências:
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